Representações sociais dos profissionais de Enfermagem brasileiros sobre a Covid-19 no contexto da saúde mental
DOI:
https://doi.org/10.36367/ntqr.13.2022.e711Palavras-chave:
Pandemia, Infecção Coronavírus, Enfermagem, Saúde Mental, Profissionais de Enfermagem, América Latina, BrasilResumo
Objetivo: Analisar as representações sociais dos profissionais de enfermagem residentes no Brasil sobre a pandemia da Covid-19 no contexto da saúde mental. Método: estudo qualitativo com 719 profissionais das cinco regiões geográficas, a partir de formulário virtual. Empregou-se o software IRaMuTeQ®? para preparo do material empírico e Análise de Conteúdo Temática, e interpretação à luz do referencial teórico das Representações Sociais. Resultados: Participaram Técnicos de Enfermagem (20%), Enfermeiros (47,2%), Obstetrizes (0,5%), Enfermeiros docente-pesquisadores (15%), Enfermeiros Pós-graduandos (13,4%), Enfermeiros especializando (3,7%). As RS dos profissionais de enfermagem são elaboradas na esfera do processo de trabalho precarizado e nas vivências naturalizadas da construção social da profissão, antes e no contexto pandêmico, são fotografias da realidade de uma categoria tomada como máquina de uma engrenagem e não constituída de sujeitos de direitos. Revela-se uma realidade que tem subtraído a possibilidade de estes projetarem planos para o futuro e abre espaço para a produção do adoecimento mental. É fundamental ampliar o debate sobre os desafios cotidianos da profissão para que seja possível potencializar o valor do seu trabalho, de vanguarda e sua essencialidade nos sistemas de saúde, e que a Enfermagem não pode calar. Considerações Finais: Foi possível apreender que os profissionais de enfermagem residentes no Brasil, vinham realizando o trabalho de forma precarizada antes da pandemia da Covid-19, e em suas práticas não produziam grandes questionamentos. Com a pandemia e o risco de contaminação, os profissionais passaram a olhar a prática profissional mais de perto e sentiram medo das vivências naturalizadas e simplificadas frente ao não uso de equipamentos de proteção individual. Logo, compreenderam que cuidar do outro implica também cuidar de si. Este estudo também revela que os profissionais precisam ressignificar a construção social da profissão e constituir uma consciência de classe frente ao modo de produção no qual estão inseridos.
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