Comunicação de ciência para o cidadão: os discursos em uso
DOI:
https://doi.org/10.36367/ntqr.15.2022.e745Palavras-chave:
Comunicação de ciência, Literacia científica, Análise de conteúdo, Instituições científicas, InternetResumo
Atualmente, uma fração elevada e diversificada de conhecimento científico é publicado. Contudo, a publicação dos resultados científicos no campo académico e entre pares não garante que o conhecimento chegue à sociedade. Os cientistas têm o dever de transformar o conhecimento em produtos de fácil consumo, acessíveis às pessoas, no momento em que necessitam de tomar decisões conscientes e informadas, contribuindo para o empoderamento sobre aspetos da sua saúde e da sua vida. Analisar o léxico utilizado por entidades internacionais nas suas estruturas online para comunicar a ciência ao cidadão. Estudo exploratório, de natureza descritiva, com recurso a análise documental dos conteúdos publicados nos websites de 16 instituições científicas internacionais. O corpus textual foi organizado em 21 textos e submetido à análise com auxílio do software Interface de R pour Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionneires (IRAMUTEQ). O corpus foi organizado em dois campos contextuais: “Aproximação ao cidadão” e “Da compreensão pública de ciência à comunicação estratégica”. Posteriormente, foram categorizados os mundos lexicais “Interação”, “Envolvimento”, “Acessibilidade” e “Capacitação”. O léxico revelado nos discursos das instituições científicas permitiu identificar os campos conceptuais e os mundos lexicais que caracterizam os três modelos de comunicação existentes. Nas estratégias para comunicação de ciência reveladas é possível verificar elementos da transição e evolução dos próprios modelos ao longo dos anos. O modelo do défice, fortemente criticado na literatura, é representado pelo mundo lexical de menor representatividade, demonstrando que ainda possui raízes nas estratégias vigentes, porém constitui um modelo que já não responde suficientemente aos interesses e necessidade do público atual. Em contrapartida, os dois modelos subsequentes, apesar de apresentarem-se distantes nas análises de CHD, AFC e similitude, concorrem para objetivos semelhantes, e aproximam-se, de modo mais equitativo, a uma comunicação de ciência democrática e interativa.
Referências
Apóstolo, J. L. A., & da Silva, R. C. G. (2021). Ciência cidadã e aberta em tempos de pandemia!. Revista de Enfermagem Referência, (1). https://doi.org/10.12707/RV21EDS8
Berbel, D. B. (2012). A comunicação da ciência nas campanhas de saúde online: Um estudo de caso do Portal da Saúde. 300.
Bik, H. M., & Goldstein, M. C. (2013). An Introduction to Social Media for Scientists. PLOS Biology, 11(4), e1001535. https://doi.org/10.1371/journal.pbio.1001535
Bucchi M., & Trench B. (2014). Science communication research: Themes and challenges. In: Bucchi M, Trench B (eds) Routledge Handbook of Public Communication of Science and Technology (Vol. 2). New York, NY: Routledge, pp. 1–14.
Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em psicologia, 21(2), 513-518. http://dx.doi.org/10.9788/TP2013.2-16
Campos, R., Monteiro, J., & Carvalho, C. (2021). Engaged Citizen Social Science or the public participation in social science research. Journal of Science Communication, 20(06), A06. https://doi.org/10.22323/2.20060206
Cochrane. (2022). Be a Cochrane Citizen Scientist and contribute to health evidence. https://www.cochrane.org/news/be-cochrane-citizen-scientist-and-contribute-health-evidence
Davies, S. R., Halpern, M., Horst, M., Kirby, D., & Lewenstein, B. (2019). Science stories as culture: Experience, identity, narrative and emotion in public communication of science. Journal of Science Communication, 18(05), A01. https://doi.org/10.22323/2.18050201
Dudo, A., & Besley, J. C. (2016). Scientists’ Prioritization of Communication Objectives for Public Engagement. PLOS ONE, 11(2), e0148867. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0148867
Durant, J. (1999). Participatory technology assessment and the democratic model of the public understanding of science. Science and Public Policy 26(5): 313–319. https://doi.org/10.3152/147154399781782329
EU-Citizen.Science. (2022). Available from: https://eu-citizen.science/
Fecher, B., & Friesike, S. (2013). Open science: one term, five schools of thought. In Opening science (pp. 17-47). Springer, Cham.
Green, J., & Thorogood, N. (2018). Qualitative methods for health research. Sage.
Haklay, M. (2018). Participatory citizen science. Em M. Haklay, S. Hecker, A. Bowser, Z. Makuch, J. Vogel, & A. Bonn (Eds.), Citizen Science (pp. 52–62). UCL Press. https://doi.org/10.14324/111.9781787352339
Hecker, S., Haklay, M., Bowser, A., Makuch, Z., Vogel, J., & Bonn, A. (2018). Innovation in open science, society and policy–setting the agenda for citizen science. Citizen Science: Innovation in open science, society and policy, 1-23.
Inácio, A., & Amante, M. J. (2021). Ciência aberta e novas (velhas) formas de fazer e comunicar ciência: ética, integridade e investigação responsável. Páginas a&b: arquivos e bibliotecas, 83-86.
Irwin, A. (2008). Risk, science and public communication: Third order thinking about scientific culture. In M. Bucchi & B. Trench (Eds.), Public communication of science and technology handbook (pp. 199–212). London: Routledge.
Irwin, A. (2021). Risk, science and public communication: Third-order thinking about scientific culture. Em Routledge Handbook of Public Communication of Science and Technology (3.a ed.). Routledge.
Jensen, E., & Holliman, R. (2016). Norms and Values in UK Science Engagement Practice. International Journal of Science Education, Part B, 6(1), 68–88. https://doi.org/10.1080/21548455.2014.995743
Joly, P.-B., & Kaufmann, A. (2008). Lost in Translation? The Need for ‘Upstream Engagement’ with Nanotechnology on Trial. Science as Culture, 17(3), 225–247. https://doi.org/10.1080/09505430802280727
Kalampalikis, N. (2005). L'apport de la méthode Alceste dans l'analyse des représentations sociales. Dans : Jean-Claude Abric éd., Méthodes d'étude des représentations sociales (pp. 147-163). Toulouse: Érès. https://doi.org/10.3917/eres.abric.2003.01.0147
Kessler, S. H., Schäfer, M. S., Johann, D., & Rauhut, H. (2022). Mapping mental models of science communication: How academics in Germany, Austria and Switzerland understand and practice science communication. Public Understanding of Science, 31(6), 711–731. https://doi.org/10.1177/09636625211065743
Kullenberg, C., & Kasperowski, D. (2016). What Is Citizen Science? – A Scientometric Meta-Analysis. PLOS ONE, 11(1), e0147152. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0147152
Kythreotis, A. P., Mantyka-Pringle, C., Mercer, T. G., Whitmarsh, L. E., Corner, A., Paavola, J., Chambers, C., Miller, B. A., & Castree, N. (2019). Citizen Social Science for More Integrative and Effective Climate Action: A Science-Policy Perspective. Frontiers in Environmental Science, 7. https://doi.org/10.3389/fenvs.2019.00010
Lorés, R. (2020). Science on the web: The exploration of European research websites of energy-related projects as digital genres for the promotion of values. Discourse, Context & Media, 35, 100389. https://doi.org/10.1016/j.dcm.2020.100389
Mahr, D., Göbel, C., Irwin, A. & Vohland, K. (2018). Watching or being watched - Enhancing productive discussion between the citizen sciences, the social sciences and the humanities. In: Hecker, S. and Haklay, M. and Bowser, A. and Makuch, Z. and Vogel, J. and Bonn, A., (eds.) Citizen Science - Innovation in Open Science, Society and Policy. (pp. 99-109). UCL Press: London. https://doi.org/10.14324/111.9781787352339
Massoli, L. (2007). Science on the net: An analysis of the websites of the European public research institutions. Journal of Science Communication, 6(3), A03. https://doi.org/10.22323/2.06030203
Metcalfe, J. (2019). Comparing science communication theory with practice: An assessment and critique using Australian data. Public Understanding of Science, 28(4), 382–400. https://doi.org/10.1177/0963662518821022
Mheidly, N., & Fares, J. (2020). Leveraging media and health communication strategies to overcome the COVID-19 infodemic. Journal of Public Health Policy, 41(4), 410–420. https://doi.org/10.1057/s41271-020-00247-w
Nascimento, A. R. A., & Menandro, P. R. M. (2006). Análise lexical e análise de conteúdo: uma proposta de utilização conjugada. Estudos e pesquisas em psicologia, 6(2), 72-88.
Ratinaud P. (2014). IRAMUTEQ: Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires-0.7 alpha 2. http://www.iramuteq.org
Reinert, M. (2001). Alceste, une méthode statistique et sémiotique d'analyse de discours. Application aux Rêveries du promeneur solitaire. Revue française de psychiatrie et de psychologie médicale, 5(49), 32-36.
Rodríguez, M., & Giri, L. (2021). Desafíos teóricos cruciales para la comunicación pública de la ciencia y la tecnología pospandemia en Iberoamérica. Revista Iberoamericana de Ciencia, Tecnología y Sociedad-CTS, 16(46), 25-39.
Saboga-Nunes, L., da Silva Freitas, O., & Cunha, M. (2016). Renasceres®: um modelo para a construção da cidadania em saúde através da literacia para a saúde. Servir, 59(1), 7-15.
Salviati M. E. (2017). Manual do aplicativo Iramuteq. Planaltina. http://www.iramuteq.org/documentation/fichiers/manual-do-aplicativo-iramuteq-par-mariaelisabeth-salviati
Santos, P. S. N. dos, Granado, A. M. S. C., & Girão, H. (2018). A Importância da Comunicação em Saúde. Revista Internacional Em Língua Portuguesa, (33), 15–25. https://doi.org/10.31492/2184-2043.RILP2018.33/pp.15-25
Seethaler, S., Evans, J. H., Gere, C., & Rajagopalan, R. M. (2019). Science, Values, and Science Communication: Competencies for Pushing Beyond the Deficit Model. Science Communication, 41(3), 378–388. https://doi.org/10.1177/1075547019847484
Simis, M. J., Madden, H., Cacciatore, M. A., & Yeo, S. K. (2016). The lure of rationality: Why does the deficit model persist in science communication? Public Understanding of Science, 25(4), 400–414. https://doi.org/10.1177/0963662516629749
Sousa, Y. S. O., Gondim, S. M. G., Carias, I. A., Batista, J. S., & de Machado, K. C. M. (2020). O uso do software Iramuteq na análise de dados de entrevistas. Revista Pesquisas e Práticas Psicossociais, 15(2), 1-19.
South, A., Hanley, B., Gafos, M., Cromarty, B., Stephens, R., Sturgeon, K., Scott, K., Cragg, W. J., Tweed, C. D., Teera, J., & Vale, C. L. (2016). Models and impact of patient and public involvement in studies carried out by the Medical Research Council Clinical Trials Unit at University College London: findings from ten case studies. Trials, 17, 376. https://doi.org/10.1186/s13063-016-1488-9
Souza, M., Wall, M. L., Thuler, A., Lowen, I., & Peres, A. M. (2018). The use of IRAMUTEQ software for data analysis in qualitative research. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 52, e03353. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2017015003353
Ward, F., Popay, J., Porroche-Escudero, A., Akeju, D., Ahmed, S., Cloke, J., Khan, K., Hassan, S., & Khedmati-Morasae, E. (2020). Mainstreaming public involvement in a complex research collaboration: A theory-informed evaluation. Health Expectations, 23(4), 910–918. https://doi.org/10.1111/hex.13070
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2023 New Trends in Qualitative Research

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0.
openAccess